Como são astutas as arapucas que nós próprios armamos para nós! Imputamos culpas aos outros, fazendo-nos de vítimas, racionalizamos resoluções difíceis, justificamos comportamentos e fracassos, reforçamos nossas defesas, adiamos tomadas de atitude, maquiamos nossos medos e, por fim, atribuímos às circunstâncias externas tudo que nos faz menos contentes com a vida e com nós mesmos.
Que pena! Só há possibilidade de saídas quando admitimos e aceitamos a existência de circunstâncias internas atuando e governando o destino de nossas vidas. Temos de focar nossos olhos dentro de nós. O inimigo oculto ali está, minando nossas forças, postergando mudanças que só acontecerão através de uma transformação radical e comprometida.
Todos nós desejamos viver um grande amor, construirmos uma família feliz, termos filhos belos e saudáveis, vivermos uma vida financeira estável, realizarmos sonhos e projetos ousados, conhecermos lugares fascinantes, curtirmos momentos inesquecíveis com amigos, sermos admirados e amados, dispormos de mais tempo para nós mesmos, enfim, dinheiro e saúde para darmos e vendermos.
O que nos impede, então, de transformar desejos em realidade? O medo de mudar, tomar atitudes e assumir riscos, sair da zona de conforto, enfrentar o desconhecido, planejar ações, entrar em contato íntimo com nós mesmos, assumir a responsabilidade de nossas decisões são algumas das razões.
No entanto, mudar sem um foco de ação não passa de um desejo. Mudança requer determinação e objetivos definidos. Quem não muda é mudado pelas circunstâncias. Onde há vida, há movimento. Onde há inércia, há a presença da morte. A vida é uma obra em constante construção. É assim, queiramos ou não.
Luciane FigueiredoCircunstâncias e mudanças
At the beginning, friend, you did not feel at ease with the weight of the suitcase in which you carried your life. The content of your bag held the blossoms of existence: life pulsating intensely, freedom pleading for space, experiences calling for a time in which to happen, projects challenging limits and ideals searching for accomplishment. Finally, what you carried in your bag was life asking for permission to be lived and experienced in a world of uncountable possibilities.
Time passed by, life happened and without taking notice your bag has become overweight today. What do you carry in your bag, companion? What do you carry, that is so indispensable? What prevents you from getting rid of the excess?
Your bag seems to be full of past remembrances, beliefs and experiences which were both lived and felt. Your bag is also filled with feelings. In one corner, we can identify sorrows, resentments, griefs, disenchantments and frustrations.
In another corner, we identify the worries of today: the uncertainties of tomorrow, the inevitabilities of life, the lack of perspective and the emptiness of an existence that inexorably follows its destiny.
In the center, your fears occupy the largest space – a fear of getting old, the fear of losing one´s autonomy, the fear of suffering, the fear, at last, of making do without the things that we miss.
Yes. Your bag is heavy. All your luggage extenders have been packed to the brim. In the few empty corners you keep the consequences of an agitated and stressed life, marked by compromises, obligations and expectations.
And the joy for living, dear reader? Where have you packet it? Have you by chance forgotten to take it with you or did you place it in the external pockets of your bag, on the list of things with much less importance?
Today a question cannot be silenced: what should we do with our bags? Empty them, would that be the solution? I do not believe so. Certain things will always be present in our lives: joy and sadness, peace and inquietude, health and sickness, abundance and lack, fantasy and disenchantment. Through a new look, we will have to transform the content of our bags into a new format of goals. We will surely be happier and appeased beings when we finally know how to select what is essential for us today. We need to bring a new sense to our lives. Hence, we will surely live a life asking for an encore.
Luciane FigueiredoExcess Baggage